Mauricio Figueiredo

Educação, recursos humanos e o melhor do et cetera

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

A tentativa de volta do Imperador


Adriano está se esforçando em sua volta ao Flamengo da difícil retomada de sua carreira esportiva. O enfoque  dado ao jogador é o correto. Mais do que sessões de terapia, clínicas de recuperação, aconselhamentos e tudo o mais - que sem dúvida são importantes - é na própria atividade do jogador que está a possibilidade de sua recuperação. O trabalho, nesses casos de problemas de ordem emocional, é sem dúvida o melhor remédio.

Tivemos no passado o triste caso de Mané Garrincha, destruído pelo vício do alcool, apesar do apoio de amigos, especialmente Nilton Santos e de sua companheira a cantora Elza Soares. O grande ídolo do futebol brasileiro ao lado de Pelé ao deixar os gramados não encontrou sentido   levar a sua vida adiante. Sem a escolaridade necessária e conhecimentos que o pudessem dentro do meio esportivo fazer com que desse continuidade a carreira, Garrincha se rendeu à bebida. Já Adriano é um atleta que, se dedicar ao futebol - e não precisa ser muita dedicação, tendo em vista o baixo nível atual - poderá voltar a vitrine.

Muitos, apressadamente, determinam que Adriano deva descalçar a chuteira. A hora de alguém parar profissionalmente deve ser algo de natureza íntima. Agora mesmo vemos juízes do Supremo Tribunal Federal (STF) deixando o cargo por terem completado 70 anos e estarem no apogeu de suas carreiras, podendo contribuir muito para o país. Em outros países, o cargo chega a ser vitalício, em virtude disso.

O Flamengo e a presidente Patrícia Amorim, com sua sensibilidade feminina, poderia intervir nisso, deve dar a Adrino um tratamento diferenciado. Certamente, ele mesmo fora de forma não perderia muitos gols que atacantes rubronegros, regiamente pagos, têm perdido debaixo do gol. Mesmo o título de campeão brasileiro ostentado pelo Corinthians, se deve muito a um gol marcado por Adriano no auge dos seus 110 kilos.

Um jogador como o Imperador, que detém um contrato de risco, não pode ser colocado na rigidez do horário, como um simples atleta proveniente do time de juniores. Deve ser mostrado a ele, que quanto mais treinar, maiores serão suas possibilidades de recuperação, voltando mais próximo de uma boa forma. Faltar ao treino ou chegar atrasado só serve de material farto para a mídia,  mas nada contribuindo de positivo para o clube e para o próprio atleta.

Adriano é jogador pelo seu passado e pelo seu possível presente que faz parte da estirpe definida pelo deputado Romário Farias, com o seu célebre "treinar pra quê?" , nada mais do que a atualização da máxima do  Mestre Didi: "treino é treino jogo é jogo".

O jornalista João Saldanha definiu que um time de futebol não é feito de "anjinhos". Em época do politicamente correto, o jogador de futebol - proveniente de classes pobres - tem a vida vasculhada por vários setores, sempre em busca de escândalos. Até torcedores se sentem no direito de cercar jogadores em suas residências ou no local de trabalho para cobrar desempenho profissional e isso é visto, por alguns, com grande naturalidade.

É como se de repente, pacientes cercassem a equipe médica de um hospital exigindo "milagres", mesmo com a falta de equipamentos e material médico adequado, além de pessoal qualificado. Ou os pais na saída da escola fossem cobrar dos professores pelo mau rendimento dos filhos nas provas ou reprovação no ENEM.
Isso não ocorre nem com a nossa classe política.

É hora de deixar o Imperador em paz. E no momento, o futebol é a sua tábua de salvação.
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