Mauricio Figueiredo

Educação, recursos humanos e o melhor do et cetera

terça-feira, 15 de novembro de 2011

República: Deodoro perdeu a paciência


No dia 14 de novembro, o Marechal Deodoro estava muito mal de saúde. Muitos temiam pela sua morte. Benjamin Constant inclusive depois de visitar o velho marechal declarou que se ele não amanhecesse vivo o golpe da República iria por terra. Deodoro era o único em condições de fazer a Proclamação sem gerar um racha no Exército.

O velhinho, no entanto, acordou firme e lépido no 15 de novembro, embora tivesse passado muito mal à noite, surpreendendo Quintino Bocaiúva e Benjamin Constant que foram visitá-lo nas primeira shoras da manhã. A Casa de Deodoro fica alí na Praça da República (perto do Campo de Santana) na quase esquina com a Presidente Vargas. Dalí, o marechal partiu de carro (sua condição de saúde não permitia que montasse a cavalo, como aprendemos nos textos heróicos em nossas escolas) rumo ao Palácio do Exército (é aquele prédio imponente nas proximidades da Central do Brasil, conhecido por quem mora ou conhece bem o Rio de Janeiro). A distância é bem curta. Deodoro, Quintino e Benjamin foram ao encontro da tropa que se descolara de São Cristóvão.

O objetivo de Deodoro era o de depor o Gabinete Ouro Preto. É bom não esquecer que o marechal tinha um grande apreço pelo Imperador Pedro II. Tanto que ao chegar ao Palácio do Exército resolveu subir em um cavalo e tirando o boné deu um "viva o imperador!", mas seu grito enfraquecido foi logo abafado pelas salvas de artilharia, com disparos ordenados por Benjamin Constant.

Ainda enfraquecido pelo seu mau estado de saúde, Deodoro ao entrar no quartel-General procurou de imediato o Visconde de Ouro Preto, a quem queria derrubar do cargo. Ao encontrá-lo noticiou que o mesmo estava demitido sob a acusação de perseguir os oficiais ou mesmo de dissolver  o Exército. O bate boca foi áspero, com Deodoro dizendo que tinha sacrificado sua saúde nos pântanos do Paraguai em benefício da pátria.

A resposta de Ouro Preto foi a gota d'água para a derrubada do Império: __ Maior sacrifício, general, estou fazendo, ouvindo-o falar.

O tempo fechou e Deodoro ordenou a prisão de todo Gabinete.

A derrubada do Gabinete Ouro Preto, contudo, não significou a Proclamação da República. Ainda, à noite, de volta a casa Deodoro continuava em cima do muro, embora pressionado por Benjamin Constant a tomar uma decisão. Isso só ocorreu quendo recebeu notícias de que Pedro II convocara Silveira Martins para organizar o novo Gabinete. Ora Silveira Martins, hoje uma rua da zona sul do Rio, era nada menos que um dos maiores inimigos de Deodoro. O marechal perdeu a paciência e o Imperador Dom Pedro II dançou de vez.
Artigo publicado na www.agenciareporterdigital.com.br

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