Mauricio Figueiredo

Educação, recursos humanos e o melhor do et cetera

terça-feira, 12 de novembro de 2019

Recado do Repórter - Mauricio Figueiredo

NADA SEI DE ETERNO

"Nada sei de eterno" foi talvez a primeira letra de música escrita por Aldir Blanc, um de nossos maiores letristas, casada com a música de Silvio Silva Junior. O compositor em depoimento disse que não tinha ideia que a canção conquistaria o segundo lugar no festival (era época dos famosos festivais da canção), rendendo aos autores viagem a Miami e mais ajuda de custas. Pela letra Aldir ganhou o troféu Upa Neguinho, uma canção de Edu Lobo. Parte do sucesso, ocorreu pelo fato de Taiguara ter escolhido a canção, por si só de interpretação complexa e fora dos padrões mais "festivos" dos festivais.
Aproveito o mote do "Nada sei de eterno" diante da nossa realidade atual. Ao contrário da sabedoria socrática do "eu só sei é que nada sei", colocamos em prática o sabermos de tudo. Palpitamos em política, economia, religião, ciência, futebol e tudo o mais com a maior desfaçatez e sem aceitarmos opiniões divergentes. Sabemos de tudo e não aceitamos quem pense ou viva de maneira diferente.
A nossa postura, de verdade, antes de ser participante passa a ser um tipo de alienação. Não estamos inseridos no mundo ou inseridos no contexto como foi moda no passado. Ao contrário disso, somos papagaios reproduzindo alguma declaração de algum deus da política, da economia, da filosofia, da religião, etc, que por vezes utilizamos como se fosse nosso próprio pensamento.
O nosso envolvimento partidário, religioso, clubista acaba nos cegando diante da própria realidade e nos impede de desenvolver um pensamento próprio. "Tudo que nosso mestre mandar - faremos todos", dizia a brincadeira da infância a qual levamos para o mundo adulto.
Talvez nos falte a humildade de cantar "Nada sei de eterno", talvez nos falte a sabedoria de afirmar que "nada sabemos". E o pior, quando nos colocamos como deuses tendo aprendido tão pouco da vida. Uma vida, muitas das vezes, construída em berço de ouro. Família classe média ou rica; boa escola; acesso a cultura; acesso a remédios, médicos e saúde razoáveis; a diversão e arte, etc. Esse mar de rosa em que nos desenvolvemos nos torna arrogantes e insensíveis a dor do mundo, a dor do próximo e à nossa própria ignorância que, ela sim, pode nos levar a um pouco de sabedoria.

Mauricio Figueiredo - Agência Repórter Digital

quarta-feira, 6 de novembro de 2019

DESCULPA


Recado do repórter – Mauricio Figueiredo

Não importa quem está com a razão. Queremos ser perdoados, mas nos custa perdoar. Alegamos que não ofendemos ninguém; ou que esse é mesmo o nosso jeito; que não temos papas na língua; somos sinceros e autênticos.
Não levamos em conta que a nossa brincadeira pode ter ofendido o próximo, gerando mágoas, mesmo que ele não seja como nós e revide no estilo bateu levou.
Por isso, ao pedir perdão pelas nossas ofensas também temos de saber perdoar, verdadeiramente, aos que nos ofendem. E mais que isso. É fácil nos curvar a quem achamos superior a nós. E não se trata apenas dos poderosos mais distanciados, mas de patrões, autoridades de todos os tipos, etc.
O erro é procurar nos colocar acima de todos os que consideramos  iguais e , dessa maneira, no mesmo barco, enquanto tripudiamos dos que achamos estar afundando.
Muitas vezes, no barco da vida, nos achamos protegidos, agarrados à bóia salvadora, sem perceber  ser esse o momento do nosso afogamento.
Desculpa: Perdoai a minha ofensa.
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