Um amigo me liga no fim de semana. Muitas
notícias, muitas novidades e no fim o lamento acompanhado de um pedido.
Em mais um passaralho nas redações de jornais acabou sobrando para um
colega nosso. Não em idade, pois um pouco mais moço. Não matusalém,
talvez um jovem-senhor com um ou dois filhos, que mais que isso nos dias
atuais é considerado falta de juízo. O amigo lamenta o fato de que não
há mais espaço para profissionais experientes. Segundo ele, experiência
só serve para atrapalhar. Muitos veículos de comunicação preferem
trabalhar com a garotada, saída das faculdades e com bastante energia e
esperança em relação à profissão. Na avaliação dele, os mais velhos são
muito críticos e sempre prontos a reclamar. E para dar exemplo faz
menção a manchete de um jornal do dia que ensinava o leitor a gastar o
13º. "A quem pode interessar isso? Será que o infeliz, coberto de
dívidas, não sabe o que fazer com o 13º?", esbraveja.
Prefiro ouvir calado e
não me meter em seara alheia. Acho que cada um sabe onde lhe dói o calo e
o que para nós pode parecer idiotice pode ser algo genial, confirmado
pelos aumentos de vendas e com isso a preservação de empregos, algo tão
difícil nos dias atuais, no qual muitos apregoam a extinção dos jornais
impressos.
Eu não sei de nada disso. Acho que tanto o livro como
os jornais possuem muito espaço. Talvez seja preciso encontrar, no caso
dos impressos, um caminho que não seja mera repetição do que muitos já
souberam no dia anterior, ouvindo rádio, assistindo televisão ou
navegando pela internet. Os jornais do dia seguinte, muitas vezes são
apenas o noticioso do óbvio já conhecido por todos. Mas, acho que isso é
problema para a garotada nova que em tão pouco tempo já galga postos
como chefia de reportagem, editorias, etc, coisa que no passado muitos
tinham de ralar muito para conseguir.
Talvez a saída esteja mesmo
na inexperiência, como na piada atribuída a uma cantora popular que
confundiu a morte de Oscar Niemeyer com a do craque Neymar, levando-a as
lágrimas. Muitas gafes também são cometidas por jovens repórteres, mas
isso não é culpa deles. Também, nós veteranos também cometemos muitas e
muitas, mas com a vantagem de que com o tempo a gente esquece e muitos
dos que poderiam lembrar já bateram as botas.
O amigo me faz um
apelo para que eu tente ver alguma colocação para o colega desempregado.
Sinto-me o próprio Antonico da letra antológica de Ismael Silva. "Oh
Antonico vou lhe pedir um favor, que só depende da sua boa vontade. É
necessário uma viração pro Nestor que está vivendo em grande
dificuldade. Ele está mesmo dançando na corda bamba. Ele é aquele que na
escola de samba. Toca cuíca, toca surdo e tamborim. Faça por ele, como
se fosse por mim...."
Digo o que vou ver o que posso fazer (mas
no íntimo sem saber o que posso fazer). Nas minhas andanças vejo a
gurizada esticando cordas entre árvores e postes e se equilibrando na
corda bamba. Em um mundo em que a então poderosa Espanha tem metade da
sua força de trabalho desempregada e a vizinha Argentina passa por
sérias dificuldades em relação ao emprego fico pensando no futuro que
nossos jovens e velhos-jovens como o amigo desempregado terão pela
frente.
Por via das dúvidas, estico a corda no corredor do
apartamento e tento também me equilibrar na corda bamba. Nunca se sabe o
dia de amanhã e nunca se sabe se teremos pela frente um Antonico para
resolver nossos problemas.
Um Antonico, que como nossos governantes, só precisa tem um pouco mais de boa vontade.
Mauricio Figueiredo
Educação, recursos humanos e o melhor do et cetera
domingo, 9 de dezembro de 2012
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário